Eis que a subversão se faz necessária
A imperativa sujeição torna-se intragável
Ácidas chuvas, assaz desiguais
Corroem o mudo intelecto dormente
De nossa massa amorfa que mofa
Enfileirada na mórbida suposta vaga civil
Gargantas cortadas, pulsos dilacerados, assaltos a mão armada
Ilegais transações suadas pela básica cesta social prometida
Assassinado brio d’alma que se desloca sedenta
Entre lamas de desilusões
Aos farrapos incondicionados
Exércitos de excomungados
Tiros de todos os lados
Televisivas balas escatológicas
Inseridas ambições artificiais do vão consumo…
Mas caia, que entre rachas e bordoadas
Sempre há espaço exploratório entre os ratos
De homens, a carcaça carcomida
De ovelhas, o ímpeto rebanho
De ilusões, qualquer carnaval ou campeonato regional
Bebo a ti, Ó Miséria triunfante
Que teu reinado apodreça como fortunas depauperadas
No insano hiper-mercado capital
Que os orgulhos despedaçados dos estômagos grudados que a alimentam
Vomitem em tua face todo o sangue que derramastes
Invoco aqui a ânsia e a loucura
Corroentes dos apáticos explorados
A que invistam em ti todo capital e luxúria
Produtos de tua glória
Que as fezes voem das latrinas podres da periferia
E enterrem teus soldados
Que cada tostão molhado de suor alheio
Transforme-se em uma tulipa branca
E de dentro de tua vã estupidez
Atirarás furiosa, as flores angustiantes da mesquinhez
De não ver o belo, o ser, o terno
E o tapete branco de pétalas rejeitadas
Erguer-se-á em cataratas
Lavando o pranto em jorro
Como em uma poesia bem diferida
Uma arte engajada
A voz cativa da mídia em ebulição
Não mais proliferando tua insensatez
Mas cantando tua morte, ó miséria
Escancarando teus carrascos
Esquartejando tuas crias, uma a uma
Imputando-as-te goela abaixo
E das flores, os homens
A humanidade festeja em teu sepulcro
E a glória de não mais agir em teu nome
Reina n’arte revolucionária
Entre tintas e músicas
Palavras em transe
Beliscam um a um
Os cadáveres por ti deixados.